Ah! a saudade me transporta para um mundo passado
Leva-me torpe, sem destino ou rumo
Quando alcanço o limite da ilusão;
Os delírios aludem-me em profundo
Entre o caos ruidoso da multidão:
Um grito,
Um grito gerado pelo silêncio acumulado,
Pelo silêncio gritante e sonoro das vias sombrias
Dadas às causas devaneias e incertas dos meus ais...
Ah! quanto tempo se passou, quanto tempo...
Morte das horas intermináveis
Outras que penosamente se rastejavam
Um tom solene de silêncio apurava
E diante de mim, o escuro futuro incerto
A mente e o corpo em caminhos opostos
Duelam frios, acabrunhando o passar das horas
Quero voltar, não para o passado,
Não para o antes de ontem, mas voltar...
Voltar para o preciso momento do sim, do não,
Na hora exata em que ouvi a primeira palavra, senti o primeiro toque...
O medo desconcertante,
ao pudor trêmulo e inconstante...
Voltar não apenas no vago olhar da despedida, não...
Mas... no primeiro instante dos cala frios
Dos tremores... dos rumores...
Ah! O primeiro beijo...
Que começa com um risinho sem graça,
Um virar de rosto infantil... e logo as bocas se calam...
Aproximam-se, distanciam-se, e jogam-se...
Quero tocar, pelo menos, com as pontas...
Os detalhes das pontas... as pontas dos dedos
Naquilo não tido, não chorado
Tocado... tocado... tocado...
No estremecer do instante
Na hora exata da ebulição dos sentidos
No momento preciso da explosão do sangue
E deleitar tudo novamente em doses longas e rastejantes...
Oh! Vida sem regresso
Quanto do seu tempo ainda resta
Para saciar o oceano de lágrimas
Derrubadas num só instante de loucura e saudade...
Meus queridos sonhos delirantes
Distantes do poder de alcançar o cume;
O topo longínquo e incerto do coração
E do sentimento posto à prova da resistência...