quarta-feira, 25 de julho de 2012


Por falar em loucura, fico imaginando quem seria realmente, se aqueles que vivem a mesmice do dia a dia ou aqueles que vivem intensamente, sem planejamento, que vivem como se o amanhã fosse efêmero. Diferentemente dos que planejam, tornam suas vidas uma constante chatice, iludem-se com promessas vãs e se julgam os “normais”. Mas para falar a verdade, eu não sei sinceramente quem são os loucos ou os chamados “certinhos”, porque quem somos nós para poder nos auto julgar?
                                                                                                                       










Valdomiro Maria

terça-feira, 24 de julho de 2012


Eu sou capaz de ficar horas olhando para o horizonte em busca de coisa alguma. 

Eu sou capaz de ficar olhando para o céu à noite tentando encontrar uma resposta.


Eu sou capaz de olhar para o passado e tentar resgatar algo que não entendo.


Eu sou capaz de permanecer tempo suficiente em silêncio para ouvir nem sei o quê.


Eu sou capaz de andar sem direção em busca de equilíbrio.


Eu sou capaz de ficar fazendo nada durante horas sem entender por que.


Eu sou capaz de ouvir uma música repetidas vezes para me absolver de mim mesmo.


Eu sou capaz de deixar de chorar para que minha frieza não me abandone.


Eu sou capaz de sentir emoção durante o simples pouso de uma libélula.


Eu sou capaz de falar aos berros com alguém para que me ouça.


Eu sou capaz de muita coisa.


E sou incapaz de explicar em palavras tudo aquilo que sinto.


                                                                        Valdomiro Maria

quarta-feira, 2 de maio de 2012


Intranquilidade
Andando por caminhos intensos, com a ebulição alucinante de seus pensamentos, ele, intranquilo na sua eloquência descontrolada, olhava transpassando objetos sólidos de insólitas aparências. Via deformado o seu presente numa luta frenética com seu passado e futuro. Nada pensava, pois tudo pensava. E nessa velocidade exorbitante de sua cabeça, sentia-se flutuar em suas imaginações, e em cada pulsar de seu coração, o tempo discorria numa incansável sensação de insanidade. O mundo passava a girar ao seu redor, via seus sentimentos ruir diante o mesmo olhar que o transportava para o abismo de seus medos.
Valdomiro Maria

quinta-feira, 26 de abril de 2012


O coração se despedaça

Enquanto pensamentos

Transpassam outras barreiras

A música é ensurdecedora

A temperatura do corpo

Evapora cada gota de suor

Os olhos se mantêm fixos

Focando, ilustrando

E penetrando na alma

Que clama por liberdade

                                   (Valdomiro Maria)

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Transição (Valdomiro Maria)

Passado o tempo, tudo se modifica
Constroem-se novos desejos
Mudam-se os planos
Desfazem-se os sonhos

A natureza se requesta
Brotando de profundezas generosas
Envelhecem-se os novos
Transitam-se refinadas esperanças
Terminam-se ciclos

Noites e dias somem, reaparecem
O sol ainda resoluto, permanece
Indo e brotando de noites infinitas

E a vida, ah! Esta se renova
A cada instante
Em cada milímetro de ilusão

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Exaustão (Valdomiro Maria)

         


                O cansaço incomoda-me em todo seu excesso, em toda sua noção de desequilíbrio. Estou exausto da mesmice, exausto dos mesmos gestos, dos dias intermináveis, das semanas e meses que não acabam mais e outros nocivos de tempo que se esvaem como porção de água apanhada por uma mão. Estou farto de ter esperança, de ouvir me pedirem paciência, cautela ou respeito. Ora, a vida não foi concebida a mim para que eu a pudesse viver intensamente como se não houvesse um amanhã, vivê-la de maneira volúvel e incontrolavelmente intensa, com amores e descobertas magníficas?
            Pois é, nem ao menos sei por que estou nesta vida, neste momento, nesta dúvida intransponível. Será mesmo que existe o certo, o errado? Será mesmo que os mais velhos sabem o que realmente dizem, sendo a experiência um conjunto de erros?       
         As respostas simplesmente não existem. O que existe é essa angústia de ser apenas mais um entre os seres que sentem a vida na sua mais alta performance, seres que vêem a insignificância em sua forma mais primitiva e arrogantemente hipócrita de um mundo exuberante e sem respostas.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

E de repente o tempo transita nas intermináveis avenidas dos pensamentos
A loucura notável do intransponível caminho sem volta das palavras disparadas,
Mostra que a precipitação requer algo palpável diante sua existência.
A cautela se torna algo sem o tato preciso e fica cada vez mais preciosa.
Os sentimentos, então, transformam-se nas mais dolorosas dúvidas.
Com uma pitada generosa de arrependimento.
É onde os sonhos deixados de lado por alguns instantes ecoam ensurdecedores.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Espelho dos olhos (Valdomiro Maria)


O silêncio dos retratos
Espalha a saudade,
As lembranças inesquecíveis
De um tempo em que a vida,
Esta tão intensa já vivida,
Transforma-se em armadura.
Tatos no rosto e o sabor das lágrimas,
As que inundam o grito calado do choro,
Traçam novamente os relevos do tempo,
De um tempo que só existe no espelho dos olhos.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

A vida é uma droga alucinógena (Valdomiro Maria)




O tempo simplesmente esvai-se torpe
A inconstância de suas oscilações
Ultrapassa a efervescência da história
E o destino é só uma miragem insana

Loucos vivem em contraponto ao tempo
Suas expectativas a cerca da vida
Transpassam a membrana da razão
E o mundo, veloz, gira delirante

Quantos pensamentos se debatem na mente
Voam enlouquecidos em busca de algo
Mas o quê?
O que tanto procura essa angustiante
Essa deliberada e volátil vontade?

O que esse mundo interior procura
Que se corroi com tanta violência?

Mas o que acontece com a mente é que
Não pode viver sem a loucura do momento
Sem a incompatibilidade dos pensamentos
Sem os delírios e sonhos que se lançam ensandecido
Nesse mar alucinante que são as dúvidas e anseios

A vida é uma droga alucinógena
Viciosa e cativante
Simples, pura, frágil, sensata e incrivelmente espetacular