segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

            Chegará o dia em que o homem olhará no espelho e não se reconhecerá. Vai precisar o quanto foi medíocre e mesquinho. Vai notar que sua ganância foi devastadora e não lhe restou um mínimo de humanidade.
            Seus sentimentos, engavetados, explodirão, e a violência dessa explosão reascenderá em seu coração caótico a emoção. E o rastro de lágrima em seu rosto o fará notar que o choro ainda existe.
            O homem perceberá que ele existe e que a vida é tão frágil, tão preciosa.
            Ah o homem vai ter a dimensão do quanto errou e na ânsia de reavivar sua existência ele vai ter a exatidão de que não mais lhe resta tempo.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

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              Digo sim à loucura. Não essa fadada ao físico. Não essa em que a pessoa se perde na realidade. Não essa que nos controla, nos torna vítimas.
            Falo desse impalpável sentimento, desse sentimento que há em todo ser. Deliberadamente sensível à emoção. Esse sentimento de ruptura com a mesmice. A indomável dúvida de reagir diante o abismo avassalador do desconhecido.
            Essa loucura que existe em cada um de nós. Essa loucura inconsciente de sentir o mundo, de sentir a vida.
            Precisamente nessa loucura está o amor, e, nesse sentimento concreto e abstrato, nu e bem apessoado, simples e espetacular, dois corações, duas almas, dois seres repletos dessa demência boa, dispostos a atuarem intensamente no voo que estão prestes a alçarem, com a direção somente para atingir o cume da eloquência de estarem vivos.