quinta-feira, 1 de junho de 2017

O irreal

Dentro de um quadro melhor
Situa-me um estranhamento:
Veemente totalizado fim
Para compreender um algo:
O irreal.

É estranho pensar
É estranho tatear essa membrana,
Esses esquecimentos suspirosos
De uma alegria finda,
Incrustada na malha perdida
Da noite partida.

Abro os olhos,
O meu redor é negro
Lá, perdida no fundo, um bico de luz...
Semblante fixo, pensamento alado.
Desisto...
Volto à clareza dos olhos cerrados,
Remonto meu horizonte:
Agora tenho um Norte.

O lago reluz um brilho incalculável
Cores e sons invadem o cenário.
Há um pequeno declínio no canto do lábio,
Uma imagem desfigurada
A meio-fio aparece,
Algo acontece:
Uma espécie de torpor instala-se.
Mas sou minúsculo, não me há forças,
Corro e caio
Levanto-me, saio.
A distância é enorme
Sinto, agora, a chuva,
Cada gota penetra-me a pele
Estou no deserto
Procuro aquela imagem, ela é outra.
Sufoco-me sedento, sangro, afogo-me.
E então, estou, novamente,
Preso à realidade de sonhos irreais.

Valdomiro Maria

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