quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Em luta...

Em luta...

Este ser incapaz de sentir a estática do amor
Caminha a passos apressados
Em direção nenhuma
Anda desorientado, negando e querendo.
Parando em pontos estrategicamente
Aferidos pelo coração
Em voltas a tentar não se envolver.

Mas essa coisa indestrutível
Vai dissolvendo a fortaleza
Posta no peito em blindá-lo.
E, então, parece não existir resistência,
Parece que tudo está atacando
As grades forjadas.
E a luta é inútil,
Não há o que se fazer...
Mais uma vez o coração
Ultrapassado, desalinhado, descontrolado...
Desiste.
Eis que vence o sentimento fazedor de poetas.

Valdomiro Maria


Enquanto olho

Enquanto olho

Existe uma obscuridade no céu que vejo,
Ali onde deposito lágrimas de lembrança.
É uma vontade do tamanho do vazio
Que me entra na alma:
Retornar.

Voltar no tempo para reativar alegrias
Que somente agora eu sinto.
Não sei por qual motivo
Um grande aperto me deturpa,
Fere profundamente as partes mais sensíveis
De mim.

Momentos impostos por essa ilusão
De que alcançarei um supremo desejo
Em viver outra época que não essa.
Um estágio de sentimento
Almejado toda vez que meus olhos
Tocam os céus de minhas recordações.


Valdomiro Maria

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Olhos perdidos

Olhos perdidos

Então a necessidade se refaz
Percorrendo vias intangíveis.
Eu, na moldura oscilante,
Permaneço.
Vibrando numa frequência inalcançável...
E tudo ao meu redor rui.

Ando sem direção,
Sem saída,
Sem sentir,
Apenas ando...

Triste de ficar estático,
Rumo ao difuso,
Porém sujo de um não sei quê de ódio,
Sentimentos confusos
Contrastando com o horizonte,
Sumo aos olhos que me observam.

Tenho à frente um luar.
A noite é minha ajudante,
Mas me castiga sem questionar...
Trago seus ares negros.
Expiro desejos incontroláveis.

A volta é triunfante:
Olhar para trás me dói,
Tendo no peito um abismo de emoções,
Respiro fundo e me vou.

Mas que caminho seguir?
Sem direção, eu volto.
Permaneço novamente em busca de mim:
Onde estou.
Quando estou.
Quem sou.
O que fazer.
Para onde vou...
Simplesmente lhe tenho nos olhos...


Valdomiro Maria

Olhar fixo no horizonte

Olhar fixo no horizonte

Quando cessa o sonho,
Vem a necessidade de expelir
Toda forma de sentir, de se ter apreço.
Não há o que esperar da inércia.
 Da forma de sentir, de manter o desejo,
De sufocar o momento insuficientemente sem ternura.

Olhar para o lado e notar as formas,
Como são as coisas, profundamente no horizonte:
É ver um ponto de saída,
Voar em direção e prender-se
Devoto a qualquer motivo para sentir alívio

Isso tudo escapa-se no instante
Em que nada parece real
Porque a realidade é mortalmente insuportável
Aos corações sonhadores de vida.


Valdomiro Maria

Transe

Transe

Quando pensou em voltar,
percebeu que para onde quer que fosse
não conseguiria fugir a si próprio.

sua alegria,
e a via se esvair como água
por entre os dedos.

suas emoções confundiam-se,
tudo começou a girar enlouquecidamente
em sua cabeça.

o tempo, a paisagem, o seu redor,
tudo misturava-se
num carrossel de cores translucidas...

sentou-se perplexo,
sem entender o que estava acontecendo...
fechou os olhos...


Valdomiro Maria

Sobre a Luz

Sobre a luz

Falemos da luz:
Dessa mágica inviolável, impenetrável,
Sensual, afável;
Entre o que a conduz
E o que se deduz,
Penetra ela viva
Movimentando objetos mórbidos,
Lugares sórdidos.

Ela inunda qualquer ambiente,
Viaja anos-luz através da escuridão,
Explode no chão
Em nossa visão.
A luz que rasteja dos faróis das estrelas
Dos cascalhos refletores de seu brilho
Dos ladrilhos...
Diamantes brilhantes.
Incandesce por entre as folhas das árvores
Das pedras reluzentes dos mármores
Dá vida a tudo que é treva, sombra, lares...

Essa luz és tu,
Que saboreia o brilho nos meus olhos
Quando vejo luz nos seus lábios seu rosto moldar
E em mim essa loucura de causar.


 Valdomiro Maria