terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

             A quais palavras exatamente devo debandar meus pensamentos para realçar o sentimento tão íngreme contido em meu peito?
            Tantas são as dúvidas, mas simplifico aqui minha busca num transparente cair de emoções para justificar minha ignorância perante o que existe dentro do coração. Entro, portanto, em contradição e me rendo ao caos das explicações que tanto busco. Reconheço as minhas imperfeições e tombo diante a barreira da dúvida e da demasiada frustração de não saber onde estão as escritas precisas para denominar tamanha falta de compreensão daquilo que sente um coração que ama.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Silêncio

          As palavras me faltam quando as tanto preciso. É tanto para se dizer, muitas falas, várias palavras, mas não me vêm à mente, não invadem meus lábios. Nada, simplesmente um vazio ensurdecedor.
            Não há o que explicar, não há o que lamentar, não tem para onde gritar porque não sei o que dizer. Apenas ofereço meu vazio, a minha total derrota para o silêncio.
http://www.youtube.com/watch?v=ERTmvOll87s 


Vídeo com Rolando Boldrin declamando um texto que fala um pouco da política. Vale a pena ver, é emocionante.
     Existe a possibilidade de contratar um candidato que seja capaz mesmo de mudar o quadro político atual? Que tomará a frente, frente a essa demanda de gente honesta, um que não se escore na corja que habita o selvagem congresso nacional?
     Tanto o brasileiro almeja ver um candidato que elegeu, que é quase impossível reencontrá-lo. Deve ser por isso que Brasília fica tão longe das capitais! Talvez uma estratégia de fuga...
Durante toda a propaganda política o discurso mantém o mesmo trajeto, a mesmice que a multidão ouve todo ano político.
     Ah! Quem dera o povo ter voz, ter sua vez. Ultimamente o brasileiro só fala, e reclama, e reclama, e fala. Quantos assistem à propaganda obrigatória? Mas porque é obrigatória? O país não é democrático? O povo não deveria ser obrigado a votar, mas aí quem votaria?
     O fato é que neste país as coisas dão certo se houver interesse da elite. Durante a campanha política, tudo funciona tudo fica mais fácil, mais acessível. O problema é quando acaba... Volta a ser o Brasil.
     Mas falar mal do país não muda, não resolve, isso é fazer o que fazem aqueles falantes, debatedores e “inteligentes”.
     O país só vai mudar quando o povo começar a gritar pelos seus interesses, suas verdades, for à luta.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011


E quando o dia amanhecer?
                E quando a hora chegar?
                               E quando tiver que voltar?
                                               E quando tiver que partir?
                                                               E quando acabar?
                                                                              E quando começar?
                                                                                              E quando se for?
                                                                                                              E quando aparecer
                                                                                                                             E quando esquecer?
                                                                                                                                    E quando lembrar?
                E quando acontecer?
                               E quando acabar?
                                               E quando falar?
                                                               E quando ouvir?
                                                                              E quando perguntar?
                                                                                              E quando responder?
                                                                                                              E quando souber?
                                                                                                                             E quando errar?
                                                                                                                             E quando chegar o fim?
                                                                                                                                                             Quando?
Eis a vida.

 


Hoje é o dia


Hoje é o dia de iniciar algo diferente
De ser irresponsável
Dia de estar no trabalho ausente

Hoje é o dia de tomar banho de chuva
Dia de cortar os cabelos
 De desenhar sobre a pele
Falar bobagem aos berros
De quebrar alguns copos

Hoje é o dia
O dia de não obedecer
De ver o céu azul
De comer tudo o que é gostoso
De tomar sol nu

Hoje é o dia certo
Dia de extrapolar
Faltar à aula, faltar à missa
Não ir ao encontro marcado
Dia de ser exagerado

Dia de caminhar sem rumo
Conhecer o desconhecido
Não ler jornal nem livro
De apreciar o mundo

Dia de dar um abraço em quem você gosta
De começar a caminhar
De organizar seu quarto
Dia de tirar um tempo pra você

Hoje é o dia de mandar flores
De andar descalço
Dançar na chuva
Dia de vencer seus medos
Dia de sair andando sem rumo
E não ter segredos

Ah!... Hoje, hoje é o dia marcado
Dia esperado
Tido e aclamado
Dia de entrar no mar
De não mais temer
Dia de arriscar

Hoje, exatamente hoje, não ontem
Não amanhã, mas hoje, hoje é o grande dia
De não ter vergonha de sorrir
De falar o que tanto precisa
Dia de amar
Dia da natureza
De não ter certeza
Dia de errar

Dia de correr atrás dos sonhos
E sonhar sem duvidar

Hoje, hoje é o seu dia!
De fazer tudo o que queria
Simplesmente porque hoje
 Hoje é o dia!


Enquanto focava seus pensamentos, ao seu redor algo mudava, tudo estava em mutação. O mundo estava se despedaçando. Explosões, terremotos, incêndios, nevascas, temporais. A lua se despedaçava, o sol esvaía-se, as estrelas, uma a uma, estouravam e a escuridão prevalecia em tudo. Ainda ele pensava, via tanta beleza num rosto que prendia por completo toda sua atenção e o mundo não mais importava se ela não o olhasse de volta.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Os primos


Os primos

Júlia recebia vário e-mail do seu então “paquera” da internet. Combinavam sempre de se encontrarem um dia desses para se verem enfim, mas nunca o fazia e isso já se transformava num tédio.
Chegou então o dia em que ambos chegaram a um veredito: iam se encontrar.
- Onde? Perguntou ela a Art.
- Não sei, sei lá, em qualquer lugar. Você escolhe.
- Mas não seria papel do homem fazê-lo?
-Os tempos mudaram gatinha! Não estamos mais na idade média.
- Pois então, onde deseja ir?
- Tem certeza? Pois só nos conhecemos por foto. Disse ele.
- Certeza não tenho. Você acha que devemos nos conhecer melhor?
- Acho que sim… talvez... Esta sua foto é recente?
- Sim, tirei ainda há pouco. E a sua?
- Tirei semana passada.
Hesitaram pela décima vez de se verem…
Quando a situação chegou ao cúmulo da vigésima vez, ainda tinham dúvidas.
Um dia o primo de Art o interpelou:
- Vamos sair um pouco primo, você vive enfiado neste computador. Vai ficar cego de tanto olhar para essa tela.
- Ah! Não me sinto à vontade nos lugares aonde você vai, tem muita gente, todas parecem olhar só para mim.
- Bobagem! Vamos… hoje à noite passarei aqui e sairemos, conhecemos várias garotas!
Meio em duvidoso e temeroso, Art concordou.
Enquanto isso, Júlia, coincidentemente tivera a mesma conversa com sua prima.
O local estava cheio, Art, óculos fundo de garrafa, camisa, calça e sapatos, parecia a sombra do primo:
- Saia de trás de mim, ande ao meu lado. Dizia o primo de Art.
Ficaram numa mesa ao canto do bar, conversavam. Ou melhor, Art ouvia apenas. Olhava ao seu redor. Não se sentia à vontade.
De repente viu adentrar no ambiente, aquela que trocava mensagens. Júlia vinha na companhia de uma menina estranha, parecia-se com ele. Júlia era mesmo linda. Como nas fotos.
Seu coração veio à boca. Seu primo estranhou seu comportamento repentino.
- Que foi Art? Parece que viu a assombração.
- Aquela garota…
- Qual?
- Aquela que entrou.
                - Aquela gata que está com a esquisita?
- É.
- O que tem ela?
- É a Júlia.
- Que Júlia?
- Aquela da internet… que te falei, lembra?
- Ah! Sim... Vá até ela.
- Não... Não posso.
- Por quê?
- Ela não sabe que estou aqui: vou me esconder.
- Que bobagem. Eu vou falar com ela.
- Não faça isso.
- Por que não?
Art não teve como conter o primo que avançou em direção às meninas. Quando se aproximou, a menina esquisita se esquivou.
- Que foi? Até parece que viu um fantasma. Disse a prima bonita.
- É ele.
- Ele quem Julia?
- O Art.
- Que Art?
- O menino dos e-mails que te falei, lembra?
- Ah! Bonito ele hein? E está vindo pra cá.
- Olá meninas! Como vão vocês?
- Estamos bem! E você, Art?
- Como sabe meu nome?
- Eu não, minha prima sabe.
- Que prima?
- A… nossa! Onde ela está?
Júlia tinha fugido para o banheiro.
- Sei quem é você. Você é a Julia.
- Que coincidência, meu primo é que lhe conhece também.
- Que estranho!
- Acho estranho, também. Ele está logo ali, naquela mesa.
- Espere! Minha prima… agora estou me lembrando. Ela tem uma foto sua no computador.
- Foto minha? Como?
- É verdade.
- Art também tem uma foto sua no computador.
- Não acredito! Respondeu ela.
- Já sei o que está acontecendo… Espere vou buscar esse malandro.
- Também vou buscá-la…
Trouxeram os dois.
- Vocês acham bonito fazer isto? Perguntou o primo de Art, com a aprovação da outra prima.
Em casa, em frente o computador, Art e Júlia desculpavam-se. Agora haveria realmente um encontro...


                                                                                                                                                  

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Rua


Rua

Ali ao relento
Deitado, coberto pelo vento
Feliz ou triste          
Sonha, chora, sofre

Quando o sufoco da noite
Chega enfim
Mais uma manhã vazia
De afeto e amor que não ouvia

O café da manhã
Feito com pão de papel
E o leite sujo das ruas
Com café das trevas

Só serve à mídia
Como fato e notícia
‘Olha mais um roubando!´
Descartado às trevas da rua
Sem fim de semana
Sem pra ti uma chama

Tendo como humor
O riso furado
Que quer ser perdoado...

Quando a noite vem
Tem o teto estrelado
A lua, o globo central
Seu corpo não é notícia de jornal

Sobre tudo uma paz a buscar
O único remédio ao ódio
Dos males é se drogar.