quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Os primos


Os primos

Júlia recebia vário e-mail do seu então “paquera” da internet. Combinavam sempre de se encontrarem um dia desses para se verem enfim, mas nunca o fazia e isso já se transformava num tédio.
Chegou então o dia em que ambos chegaram a um veredito: iam se encontrar.
- Onde? Perguntou ela a Art.
- Não sei, sei lá, em qualquer lugar. Você escolhe.
- Mas não seria papel do homem fazê-lo?
-Os tempos mudaram gatinha! Não estamos mais na idade média.
- Pois então, onde deseja ir?
- Tem certeza? Pois só nos conhecemos por foto. Disse ele.
- Certeza não tenho. Você acha que devemos nos conhecer melhor?
- Acho que sim… talvez... Esta sua foto é recente?
- Sim, tirei ainda há pouco. E a sua?
- Tirei semana passada.
Hesitaram pela décima vez de se verem…
Quando a situação chegou ao cúmulo da vigésima vez, ainda tinham dúvidas.
Um dia o primo de Art o interpelou:
- Vamos sair um pouco primo, você vive enfiado neste computador. Vai ficar cego de tanto olhar para essa tela.
- Ah! Não me sinto à vontade nos lugares aonde você vai, tem muita gente, todas parecem olhar só para mim.
- Bobagem! Vamos… hoje à noite passarei aqui e sairemos, conhecemos várias garotas!
Meio em duvidoso e temeroso, Art concordou.
Enquanto isso, Júlia, coincidentemente tivera a mesma conversa com sua prima.
O local estava cheio, Art, óculos fundo de garrafa, camisa, calça e sapatos, parecia a sombra do primo:
- Saia de trás de mim, ande ao meu lado. Dizia o primo de Art.
Ficaram numa mesa ao canto do bar, conversavam. Ou melhor, Art ouvia apenas. Olhava ao seu redor. Não se sentia à vontade.
De repente viu adentrar no ambiente, aquela que trocava mensagens. Júlia vinha na companhia de uma menina estranha, parecia-se com ele. Júlia era mesmo linda. Como nas fotos.
Seu coração veio à boca. Seu primo estranhou seu comportamento repentino.
- Que foi Art? Parece que viu a assombração.
- Aquela garota…
- Qual?
- Aquela que entrou.
                - Aquela gata que está com a esquisita?
- É.
- O que tem ela?
- É a Júlia.
- Que Júlia?
- Aquela da internet… que te falei, lembra?
- Ah! Sim... Vá até ela.
- Não... Não posso.
- Por quê?
- Ela não sabe que estou aqui: vou me esconder.
- Que bobagem. Eu vou falar com ela.
- Não faça isso.
- Por que não?
Art não teve como conter o primo que avançou em direção às meninas. Quando se aproximou, a menina esquisita se esquivou.
- Que foi? Até parece que viu um fantasma. Disse a prima bonita.
- É ele.
- Ele quem Julia?
- O Art.
- Que Art?
- O menino dos e-mails que te falei, lembra?
- Ah! Bonito ele hein? E está vindo pra cá.
- Olá meninas! Como vão vocês?
- Estamos bem! E você, Art?
- Como sabe meu nome?
- Eu não, minha prima sabe.
- Que prima?
- A… nossa! Onde ela está?
Júlia tinha fugido para o banheiro.
- Sei quem é você. Você é a Julia.
- Que coincidência, meu primo é que lhe conhece também.
- Que estranho!
- Acho estranho, também. Ele está logo ali, naquela mesa.
- Espere! Minha prima… agora estou me lembrando. Ela tem uma foto sua no computador.
- Foto minha? Como?
- É verdade.
- Art também tem uma foto sua no computador.
- Não acredito! Respondeu ela.
- Já sei o que está acontecendo… Espere vou buscar esse malandro.
- Também vou buscá-la…
Trouxeram os dois.
- Vocês acham bonito fazer isto? Perguntou o primo de Art, com a aprovação da outra prima.
Em casa, em frente o computador, Art e Júlia desculpavam-se. Agora haveria realmente um encontro...


                                                                                                                                                  

Um comentário:

  1. rs o texto é otimo,é isso que dá tenta se esconder por traz de um outro rosto ...um dia a mascara cai né rsrsrs....ai só resta pedir desculpas...

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