O
irreal
Dentro
de um quadro melhor
Situa-me
um estranhamento:
Veemente
totalizado fim
Para
compreender um algo:
O
irreal.
É
estranho pensar
É
estranho tatear essa membrana,
Esses
esquecimentos suspirosos
De
uma alegria finda,
Incrustada
na malha perdida
Da
noite partida.
Abro
os olhos,
O
meu redor é negro
Lá,
perdida no fundo, um bico de luz...
Semblante
fixo, pensamento alado.
Desisto...
Volto
à clareza dos olhos cerrados,
Remonto
meu horizonte:
Agora
tenho um Norte.
O
lago reluz um brilho incalculável
Cores
e sons invadem o cenário.
Há
um pequeno declínio no canto do lábio,
Uma
imagem desfigurada
A
meio-fio aparece,
Algo
acontece:
Uma
espécie de torpor instala-se.
Mas
sou minúsculo, não me há forças,
Corro
e caio
Levanto-me,
saio.
A
distância é enorme
Sinto,
agora, a chuva,
Cada
gota penetra-me a pele
Estou
no deserto
Procuro
aquela imagem, ela é outra.
Sufoco-me
sedento, sangro, afogo-me.
E
então, estou, novamente,
Preso
à realidade de sonhos irreais.
Valdomiro Maria